Revista Novo Perfil Curiosidades

sexta-feira, 15 de agosto de 2014


Mães humanas e fêmeas de orcas vivem mais após a menopausa, e uma nova pesquisa sugere que a maior expectativa de vida entre as baleias se deve, em parte, aos cuidados com os netos.

A descoberta pode ajudar a explicar por que tanto as mães humanas como as orcas costumam viver mais que os machos. No caso das orcas, a diferença de expectativa é gritante: enquanto as fêmeas podem chegar a 90 anos, poucos machos documentados passaram dos 50.

“Para grande parte das espécies animais, o potencial de propagação dos genes de um indivíduo acaba quando ele para de se reproduzir”, comentou o co-autor do estudo, Darren Croft, ao Discovery Notícias. “Nossos resultados demonstram que, assim como as mães humanas, as orcas continuam a disseminar seus genes muito depois da menopausa. Elas o fazem aumentando as chances de sobrevivência dos filhotes machos, o que aumenta o número de netos gerados por eles”, explicou Croft, especialista em comportamento animal da Universidade de Exeter. “Por meio desse processo, a evolução favorece as fêmeas que vivem mais após a menopausa”.

Croft e seus colegas das Universidades de Exeter e York, do Centro de Pesquisa sobre Baleias e da Estação Biológica do Pacífico analisaram registros que cobrem 36 anos da vida de duas populações de orcas do Pacífico Norte, nos litorais dos Estados Unidos e Canadá. O conjunto de dados se refere a 589 animais identificados individualmente, dos quais 297 morreram durante o período de estudo.

Depois de calcular os nascimentos estatísticos para obter a probabilidade de sobrevivência de uma baleia em qualquer idade, os pesquisadores descobriram que as mães mais idosas tendiam a sobreviver por mais tempo, uma tendência mais pronunciada entre as que tiveram filhotes machos.

“Devido à estabilidade da estrutura social das orcas, quando os filhotes machos procriam, suas crias são cuidadas pelas fêmeas de outro grupo familiar”, explica Croft. “Em contrapartida, quando as filhas se reproduzem, suas crias permanecem no grupo, o que aumenta a disputa interna por alimentos”.

“Segundo nossa teoria, para aumentar as chances de propagação de seus genes sem assumir um fardo adicional, as mães devem concentrar seus esforços nos filhotes machos. Nossa pesquisa sustenta essa hipótese e demonstra em que medida os machos dependem das mães para sobreviver”.

As orcas fazem isso auxiliando os machos, mesmo adultos, a se alimentar e a vencer brigas dentro do grupo, entre outros meios.
É evidente que as mães humanas vivem em estruturas sociais diferentes, mas cuidar de filhos, filhas e netos parece ser igualmente importante, ao menos, sob a perspectiva evolucionária. Tais cuidados podem até explicar a existência da menopausa.

“Acredita-se que, em parte, a menopausa surgiu entre os humanos para que as mulheres pudessem se concentrar no sustento dos netos; entre as orcas, as fêmeas tendem a viver mais para cuidar de seus filhotes machos, sobretudo depois de adultos”, explica Croft. “É incrível que os machos acompanhem a mãe durante toda a vida”.

Segundo Michael Cant, professor de evolução e comportamento animal na Universidade de Exeter, “os novos dados oferecem uma visão empolgante do enigma evolucionário da menopausa”.
Ele destacou as dificuldades do estudo, já que com exceção dos humanos e das orcas, somente um outro mamífero, a baleia-piloto, apresenta menopausa. Além disso, o estudo das baleias já é, por si só, complicado.

“A exemplo dos seres humanos, os novos dados sugerem que a maior expectativa de vida pós-reprodutiva em orcas se desenvolveu porque as mães se dedicam a cuidar das crias adultas”, disse Cant. “Diferentemente dos humanos, em que filhos e filhas se beneficiam da presença das avós, somente os filhotes machos das orcas se beneficiam dessa longevidade”.


Revista Novo Perfil Online
Fonte: Discovery
Por: Jennifer Viegas



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